Na Primavera do ano 92 do calendário Hijri (correspondendo ao Gregoriano 711 d.C.) Tariq ibn Ziyad embarcou uma força expedicionária no Norte de África e rumou a Norte, para Al-Andalus, vulgarmente conhecida por Hispânia pelos locais.
Desembarcou os seus cerca de 7000 homens perto de uma montanha a que chamou Jebel Tariq, “a montanha de Tariq”. O nome foi depois corrompido para “Gibraltar” (Jebr-al-Tariq).
De Gibraltar, avançou para Norte, e em Julho defrontava em Guadalete, os visigodos do Rei Roderic (ou em português Rei Rodrigo, o último Rei Visigodo), que foi morto nessa batalha, terminando assim a linhagem e o domínio visigodo na Península. Alegadamente, a presença de Tariq na Hispânia teria sido exactamente pôr fim a uma guerra civil entre os Visigodos, e claramente o objectivo foi atingido.
Como a batalha lhes tinha corrido bastante bem, vários outros líderes berberes se lhe juntaram, e começaram também o seu avanço para Norte. Em 3 anos tinham conquistado praticamente toda a Al-Andalus, derrotando Visigodos, Suevos, Bizantinos, Celtas, Celiberos e Lusitanos em várias batalhas e acordos.
A Conquista Islâmica parou no Norte da Península, onde os muçulmanos nunca foram capazes de derrotar os reinos cristãos, quer ainda no território da Península, quer já no hoje território de França, apesar de alguns avanços pela área da Catalunha e Septimania. Os conflitos armados mantiveram-se nestas zonas de fronteiras durante os sete séculos que durou a presença muçulmana na Península.
Apesar disso, durante os próximos 781 anos, Al-Andalus seria dominada pelos muçulmanos, num clima de assimilação e franca tolerância religiosa e cultural. A agricultura prosperou, com a introdução de novas culturas, como a laranja, o limão, o arroz e o algodão. Foram construidos monumentos de uma enorme grandiosidade arquitectónica, como o Alcazar de Sevilha, o Alhambra em Granada, ou a Grande Mesquita de Córdoba. Trouxeram para a península a utilização de mosaicos, ou azulejos, e promoveram uma franca liberdade cultural.
Durante sete séculos, o território foi utilizado como uma zona de transferência de cultura entre a cultura muçulmana e a cultura clássica, fazendo progredir várias ciências, como medicina, astronomia, matemática e filosofia.
Em 1085, quase 4 séculos depois do desembarque de Tariq ibn Ziyad, o Rei Alfonso VI proclamou-se victoriosissimo rege in Toleto, et in Hispania et Gallecia, após conquistar Toledo. Esta foi a primeira grande perda de território dos muçulmanos desde o início da ocupação, e deu início à expansão de território (que incluiria a criação do Reino de Portugal e dos Algarves), e que terminaria mais de 400 anos depois, a 2 de Janeiro de 1492, com a capitulação do último Sultão de Granada, Maomé XII. Segundo os termos da capitulação, os muçulmanos continuariam a ter liberdade religiosa, e direitos iguais aos cristãos. Os judeus deveriam no entanto converter-se ao cristianismo ou voltar ao Norte de África no prazo de 3 anos.
6 anos depois, os Reis de Espanha acharam que já tinham tido paciência a mais e obrigaram todos os muçulmanos a converter-se ao cristianismo. 100 anos depois foram expulsos todos os “moriscos” que ainda habitavam na Península.
No século XIX e XX, os revolucionários espanhóis, querendo promover uma ideia de identidade nacional espanhola, apelidaram o período de 400 anos que durou a guerra entre cristãos e muçulmanos na Península de “Reconquista”, para reforçar a ideia de que a Ibéria alguma vez teria sido uma nação única e indivisível, algo que nunca foi, nos últimos 1300 anos.
Após a capitulação de Maomé XII (que ficou para a História como Boabdil, o desafortunado) em Granada, após entregar as chaves de Granada aos Reis de Castela, este terá saído de Granada em direção a uma propriedade senhorial na Serra Nevada que lhe foi doada pelos Reis, onde poderia viver. Ainda se terá voltado para trás e chorado, ao que sua mãe lhe terá dito “Chora como uma mulher por aquilo que não soubeste defender como um homem!”.
Alguns anos depois, deixou-se depois enganar pelo seu vizir, que vendeu sem seu conhecimento a propriedade senhorial que lhe tinha sido oferecida, e Boabdil, agora sem posses, teve que fugir e pedir exílio em Fez, no Norte de África, onde nunca tinha estado, mas de onde os seus antepassados eram originários.
Morreu na pobreza, em Fez, apesar de ter tentado várias vezes pedir ao Rei de Castela que “tinha que pagar” pela colonização e escravatura do seu povo.