O conceito de “dinheiro” é interessante.
Todos nós o usamos, mas quase ninguém o entende.
De onde vem o dinheiro? Que quantidade existe? Ninguém se preocupa muito com isto, mas quem controla a criação de dinheiro e a sua quantidade define todas as nossas vidas.
Nas economias ocidentais “modernas”, o dinheiro é produzido pelos bancos centrais, à medida das necessidades dos Estados que os controlam. Quando a União Europeia precisa de mandar dinheiro para a Ucrânia para alimentar os seus dirigentes, esse dinheiro não vem de lado nenhum. É fabricado. Alguém clica num botão, e passam a existir vários biliões de euros, que 2 minutos antes não existiam. E a União Europeia passa a dever esses biliões de euros ao BCE, e garante que os vai pagar ao fim de uns anos. Tipicamente 10 anos, mas a dívida “é para gerir, não é para pagar”…
E a “balance sheet” do BCE passa a indicar que tem mais clientes devedores, cada vez de mais dinheiro:
Isto significa também que, mais ou menos ao mesmo tempo, a quantidade de dinheiro disponível aumenta, e continua a aumentar. Neste momento, existem cerca de 16 triliões de Euros em circulação (a maior parte não é dinheiro físico):
A inflação é isto.
Criação de dinheiro. O dinheiro a perder valor. Se no inicio do ano podia comprar 1 kg de batatas com 1 euro, hoje esse quilo de batatas custa 1,10€.
As batatas são as mesmas.
O euro é que não.
Quando Estados Unidos, Zona Euro, Japão, Inglaterra, e todas as principais economias mundiais aumentam a quantidade de dinheiro disponível ao mesmo tempo, o que acontece é uma reação em cadeia que provoca um tsunami de inflação, que se demora vários meses a tornar-se visível, mas que eventualmente irá reflectir-se nos preços ao consumidor.
Foi exactamente isso que aconteceu, em Março de 2020.
Para pagar “ordenados” a quem ficava em casa sem produzir, foi simplesmente criado dinheiro (que repito, foi criado a partir do nada), que lentamente se começou a reflectir no custo das principais matérias primas, e que acabou nos preços ao consumidor, dois anos depois.
Este efeito é perfeitamente visível em todas as principais matérias primas:
TRIGO:
MILHO:
SOJA:
CARVÃO:
PETRÓLEO:
A inflação é definida pelo aumento da massa monetária.
A inflação é, portanto, apenas criada pelos bancos centrais e pelos governos que a eles recorrem para se financiar.
E a inflação tem uma característica interessante: é extraordinariamente difícil voltar para trás. Ou seja, os preços não baixam tão depressa como subiram, se alguma vez baixarem.
Este é o novo normal.