"Mais uma vitória como esta e estamos arruinados"
Montenegro será recordado como o Pirro Português.
O Rei Piro de Épiro era uma figura notável no cenário político e militar do século III a.C. 100 anos depois das conquistas de Alexandre, Pirro era movido por uma ambição ardente e um desejo incansável por glória militar. Pirro ascendeu ao trono de Epiro e aliou-se a Ptolomeu da Macedónia pretendendo reviver a glória de Alexandre.
Para isso, invadiu Itália com 3 mil cavaleiros, 2 mil arqueiros, 500 fundeiros, 20 mil tropas de infantaria e 19 elefantes de guerra. Uma força prodigiosa, para a época, mesmo para quem pretendia defrontar o Império Romano no seu próprio território. Na batalha de Heracleia, matou 7000 soldados romanos, mas perdeu 4000 dos seus homens. No ano seguinte, em 279 a.C. defrontou e venceu o exército romano em Ásculo. Os romanos perderam 6000 homens, mas Pirro perdeu 3500. O custo desta vitória foi tão elevado que Pirro afirmou “mais uma vitória como esta e estamos arruinados”.
As “vitórias pírricas” ficaram portanto definidas como vitórias obtidas a um custo tão elevado que acabam por não ter consequências positivas.
Luís Montenegro, depois das eleições de 10 de Março, tem tudo para ser considerado o novo Pirro português. Pirro no entanto, era considerado um extraordinário estratega. Montenegro aparenta ter dificuldade até para jogar Monopólio.
Montenegro foi forçado a entrar na sua batalha de Ásculo quando foi magistralmente obrigado pelo PS a definir a sua linha vermelha, e a confirmá-la com as palavras que hoje não o devem deixar dormir “não é não”. Com uma simples frase, o Partido Socialista obrigou o maior partido da oposição a encostar-se a um canto, e a não poder sair dele.
O “não é não”, repetido vezes sem conta, como um papagaio a quem oferecem doces, demonstrava que Montenegro não era um estratega, mas sim uma marioneta, completamente manietada, incapaz de se livrar dos seus próprios grilhões. Seria um bom truque de circo, se não fosse tão doloroso.
Nas eleições de 10 de Março, o cenário catastrófico ficou dantesco: O PSD ganhava nas sondagens à boca das urnas, declarava vitória, deixava que Pedro Nuno Santos concedesse magnânimamente a vitória como quem atira sobras aos porcos, mas acabava a noite a fazer contas “de sumir”, porque todos os ganhos… sumiram.
A vitória pírrica de Montenegro resume-se ao seguinte:
PSD (nas várias coligações) teve mais 2,8% de votos expressos que o PS. Pouco mais de 50 mil votos.
Visto que houve menor abstenção, neste momento (faltam os votos de Estrangeiro) tem menos 0,4% de votos que em 2022. Para todos os efeitos, manteve ou perdeu votação.
Viu o “demónio” Chega crescer 4 vezes, mantendo-se praticamente com a mesma votação, e estando, para todos os efeitos, à espera dos resultados da votação do Estrangeiro para saber se tem mais deputados ou não.
O desespero parece ser tanto nas hostes do PSD que não têm qualquer pejo em considerar os seus próprios eleitores de falta de inteligência e atenção, alegando que “fizeram confusão”, tendo votado noutro partido com sigla semelhante. Um insulto à inteligência dos seus votantes, mas também à inteligência de quem achou que isto faria sentido.
As eleições legislativas foram perdidas pelo PS, e ganhas pelo Chega. O PSD e o seu Pirro Montenegro sofreram uma humilhação monstruosa ao não ser capaz de capitalizar na derrota estrondosa do PS, deixando que todo o eleitorado descontente com o PS se tenha transferido para o Chega.
Neste canto em que se colocaram, serão incapazes de governar à direita, por causa das “linhas vermelhas”, sendo obrigados a deitar a mão ao PS. Enquanto este governo durar (será pouco tempo), o PS irá capitalizar por ajudar o PSD, O Chega irá capitalizar por representar 1.000.000 de portugueses que são colocados à margem pelo PSD, e o PSD irá perder a face.
Nas próximas eleições, será o Chega a disputar a liderança com o PS, e o PSD irá cair para sempre na irrelevância.
Na única imortalidade que Pirro de Epiro conquistou:
“Esta foi a vitória que arruinou o PSD”
Excelente perspectiva.